Existem momentos que devemos parar e observar. Confesso que é algo que gosto de fazer, parar para um café na minha padaria favorita e observar o movimento, o corre-corre. Levar meus filhos para a praça e simplesmente vê-los correr de um lado para outro, subir nas árvores e pedalarem suas bicicletas (até eles me incorporarem na brincadeira). Gosto do verão quando subo no mezanino do meu prédio, a área comum onde podemos lavar as roupas, e vejo o sol descendo belo e luminoso, aquecendo minha face e depois se escondendo atrás dos montes para pintar o céu com tons incríveis de roxo, lilás, rosa, vermelhos e laranjas, até tudo ser dominado pelo azul escuro, que invariavelmente cede espaço para o pretume da noite. É fantástico diriger a noite no meio do nada, com a estrada vazia, longe das cidades e observar as estrelas novamente, tantas quantas não seja possível contar. Gosto de observar minha família durante as reuniões e festividades anuais, quando se formam pequenos grupinhos lembrando das minha peraltices e dos meus irmãos e primos... muitas vezes nossos pais lembrando a própria juventude. Gosto muito de sair pela cidade em que estiver para reparar nos prédios, conhecendo as histórias e pensando nas pessoas que ajudaram a construir o lugar onde eu estou.
Deus também sabia observar. Está lá em Genêsis, que desde o começo ele não apenas criava todo o universo conhecido como parava para apreciá-lo. Tire a dúvida lendo os versículos 4, 10, 12, 18, 21, 25 e 31 do primeiro capítulo. Davi também sabia admirar a obra que Deus havia executado. E talvez por saber apreciar a criação de Deus Davi soube ter uma percepção maior que os outros homens sobre o caráter de Deus. Afinal Davi não via Deus, mas o sentia, percebia aquele que criou tudo. Vejamos uma declaração:"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos." dito por Davi no Salmo 19:1. E veja que no oitavo Salmo, do primeiro ao quarto versículo (versão NVI) ele diz: " Senhor, Senhor nosso, como é majestoso o teu nome em toda a terra! Tu, cuja glória é cantada nos céus. Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza, por causa dos teus adversários, para silenciar o inimigo que busca vingança. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te preocupes?" O ato de contemplar não multiplica a nossa arrogância, pelo contrário, nos faz crescer a humildade, pois é impossível não reconhecer a própria finitude e limitação.
Que possamos recuperar isto, quem sabe até reconquistar este direito perante esta vida atribulada e implacável, o direito de parar, desligarmos da rotina, da correria, da balbúrdia, do barulho, e simplesmente observar, contemplar, aspirar, ouvir, sentir, tocar, e ver o tempo passar. No fim das contas (re)descubriremos que não perdemos tempo, mas ao contrário, investimos ele em aspirações maiores. Além disto este é um tempo de autoconhecimento também. Quando podemos nos checar, ver como está a execução do nosso plano de vida. Descobrir o que está dando certo e o que precisa ser ajustado. Portanto hoje ainda, tire um tempo para parar, se acomodar e sorver o que existe ao seu redor.

Que a graça e paz de Deus Pai, do amoroso deus Filho, e do sempre consolador Espírito Santo estejam com você e em você. Abraços fraternais, Luciano Santos.
crédito da foto do post: luciano.santos — meus filhos observando o Rio Iguaçu em União da Vitória
crédito da foto do Salmo 19:1 — Darren Kirby
Amém
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