6 de maio de 2011

sentidos e sentimentos

Mauro! Ou melhor, Maurinho. Este é um nome que simplesmente ficou gravado da minha época de técnico de avionics, quando trabalhava na TAM. Lembro que o Maurinho era daquelas pessoas que simplesmente iluminava o lugar onde chegava. Sempre alegre e brincalhão. Enquanto estavamos jogando e bebendo, sim eu bebia e bastante, ele não ia para longe. Pelo contrário, ficava próximo, lendo uma Bíblia de bolso e falando a todos quantos cruzassem o caminho dele: — "Jesus te ama!" De outro lado,  lembro de uma pessoa na época que trabalhei na NET, que simplesmente gerava ojeriza com sua presença. Lembro que ao mudar de base, do Morumby para a Aclimação me colocaram com ele por ninguém na base queria trabalhar com ele (trabalhávamos em duplas). E dois meses depois só não fomos as vias de fato pode ele ser mais baixo que eu, ter 20 anos a mais, usar óculos e 3 amigos pularem em mim e me segurar.

A diferença entre a forma como os dois influenciavam o ambiente era gritante. E ao conversar com o Mauro, via um rapaz que morava em uma favela (nada contra, pois tá cheio de gente digna , honesta e trabalhadora), pai de 3 filhos, casado, que havia deixado de beber, tinha abandonado as noitadas e as mulheres, e que era a pessoa mais simples que você pode conhecer, sempre diposto a ajudar. Sempre vinha armado para cima da gente, com um sorriso no rosto. Já o Carlos Gilmar era uma pessoa carrancuda, egoísta, arrogante, possuia resposta pronta para todas as questões, mesmo as mais difíceis.

Estas duas situações mostram lados opostos de uma situação. Ultimamente somos muito focados em saber, em ter razões radicais substituíveis (sim um paradoxo, mas veja como as pessoas mudam de opinião rapidamente) e somos extremados no que quer que façamos. Nossos sentidos são sempre acelerados a estarem no máximo. Como se a vida só valesse a pena se for agitada e vivida. Mas nós somos máquinas perfeitas, com uma rede neurológica e sensitiva que simplesmente dá retorno ao corpo sobre tudo o que está acontecendo. Neste agito nossos olhos se mexem com impaciência e sempre estamos com eles ocupados. Os cheiros são fortes, mas não são cheiros naturais, sempre coisas industrializadas, desde o que comemos até as coisas que usamos. O paladar é sobrecarregado com comida ruim, gordura em excesso e e falta de disciplina nos horários. Nossa audição é testada diariamente pelos barulhos urbanos e pelas pessoas que teimam em nos tratar como se fôssemos todos deficientes auditivos. E o nosso tato parece que só tem sentido quando explorado pelos prazeres sexuais.

Voltamos a nos portar como selvagens, como animais, onde o que nos domina não é a nossa vontade ou disciplina, mas sim os nossos sentidos, sentimentos e prazeres que eles podem gerar e perceber. As pessoas imputam sofrimento, dor, perdas, prazeres, solidão, sempre na ânsia de satisfazer os desejos e preencher sentimentos. Esquecemos que as outras pessoas também tem sensores físicos (sentidos) e sensores  muito mais sensíveis que afetam o profundo da nossa alma.  E eles são mais fáceis de serem machucados, magoados. Na época de Jesus a sociedade da época achavam que o orgão responsável pelos sentimentos eram as tripas! Nossa época apesar de saber que o cérebro é o controlador de tudo, ainda classifica de forma rotineira o coração como centro de controle do sentimento. talvez por que quando sentimos medo nos dá o famoso "frio na barriga", e quando a dor é intensa ou a alegria é imensa, o coração responde, seja com dor física e descompasso, ou então com os batimentos acelerados, como se estivesse a pleno vapor. E como estamos cuidando dos nossos sentimentos? E como estamos estimulando os sentimentos alheios?

Nós esquecemos que o chamado de Jesus não foi para sermos vistos, ouvidos e notados de forma presencial. Pelo contrário, ele nos convida a sermos percebidos, de maneira sutil e indistinta. Por isso ele compara a nossa presença comunitária, não da igreja mas do meio no qual estamos inseridos cotidianamente, com o sal e com a luz. O sal é um produto barato, abundante, e comum. Se pouco for usado no preparo seja da comida diária, seja na conserva de carnes pouco será a eficácia em dar sabor e conservação. Se muito for usado estraga o sabor do alimento e é jogado fora. Mas na medida ele preserva, realça o sabor, e ajuda no consumo dos alimentos. Já a luz ele não pode ser pega, não pode ser presa, guardada e depois reutilizada. Na ausência dela as trevas predominam e a nossa orientação se perde. Não sabemos nem para onde nem como poderemos chegar ao objetivo. Mas quando a luz brilha alto, ela permite que tomemos consciência do mundo a nossa volta e possamos afastar os temores, aos espantar o desconhecido.

Pois é exatamente para isto que Deus nos chama a caminhada. Para podermos dar sabor a vida daqueles que estão a nossa volta, e possamos compartilhar o que já sabemos, praticando para que outros vejam, e assim possam eles também se localizar e seguir um rumo certo, não mais a esmo. Quisera eu ter uma parcela da alegria do meu amigo Mauro... e que eu nunca seja identificado como aquele que seja pela omissão ou pelo excesso não serve, e deva ser jogado fora.

Que o nosso bom Deus esteja abençoado-os com a Graça e a Shalom dele, por meio da vida redentora do Deus Filho, e do consolo do Espírito Santo, amém!

Referência: Leia Lucas 18:9-14 e Mateus 5:13-16

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