Amor (e preocupação) de pai

Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência.

Provérbios 4:1

Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.

Josué 1.5-9

Ter filhos é maravilhoso! É um experiência única, que trás bálsamo para a alma. Você ser o co-responsável junto a Deus para conceber, criar, educar, proteger, amar, corrigir, incentivar, e orientar uma nova vida é uma experiência fantástica. Mas como tudo na vida, tem um lado que falamos pouco e que causa sofrimento.

Um dos maiores causadores de sofrimento dos pais é o "desligamento" dos filhos, o corte do "cordão umbilical" (figurado). Eu sempre gostei da minha independência, em todos os aspectos. Sempre gostei de fazer o que EU queria, na hora que me desse na telha, ter o pensamento livre, e realmente mandar no meu nariz. E minha mãe desde que me entendo por gente incutiu em mim e nos meus irmãos: — "Filho a gente cria para o mundo!"


Pois que sábia mulher foi minha mamãe. Hoje em dia eu vejo como ela sofreu com toda a minha impulsividade e procura por liberdade, mas sempre permitiu que eu errasse. Que eu desse de cara na parede e me quebrasse, não sei antes dar um conselho valoroso que eu obviamente não levava em consideração.

Hoje em dia vivemos em um tempo de "super-mães", protetoras ao extremo, e de pais pouco envolvidos na criação e orientação familiar, que resulta em uma criação "hermética" dos filhos. Impedem eles de comerem terra, de jogar bola descalço, brigar com os colegas de bairro, de rua, de escola, e etc... mas também impedem com isso que eles tem as próprias experiências. Que a terra é ruim e não é de comer, que jogar bola descalço é uma delícia até arrancar um tampão do dedão, ou levar uma pisada, e que as brigas são ruins e geram dores, mas também nos ensinam os nosso limites e os dos outros, quais devemos defender e quais podemos relevar.

Esta questão de soltar os nossos filhotes do ninho começa cedo! O início é quando a criança começa a andar, você começar a perceber que seu filho(a) já não quer ir para o mesmo lugar que você. Depois é escola, eles sofrem e nós também. Depois têm os passeios na casa dos amigos e tals. Eu cheguei no  "próximo" passo no sábado passado. Meu filhos viajaram sozinhos para São Paulo. Eu confesso que fiquei a semana inteira mal. Não queria demonstrar para eles, peguei os dois duas noites diferentes para conversar e colocar os limites devidos, falar sobre as responsabilidades. Mas vê-los subindo naquele ônibus e não dependerem de mim para nada doeu (rs). Eu mandaria somente o Lucas, mas vocês sabem como são as mulheres baixinhas, terríveis! Pois a Isabella se propôs até a tirar o dinheiro da poupança para pagar a própria passagem, porque queria ir junto (oh ciúme, rs).

Não consegui dormir a noite direito! Acordei o lençol estava embolado, também não deixei a Ká dormir, pois toda hora acordava, pegava o celular, passava uma mensagem. Fiquei mais calmo depois da parada realizada em Registro, eles não perderam o ônibus e não se desentenderam, rs. Mas ainda faltava a chegada na Rodoviária de São Paulo. Confesso que só senti o peso saindo dos meus ombros no momento que consegui ligar para meu pai e ele falou que estava com os dois, indo para casa.

E isto não tem a ver com (des)confiança em Deus, nem nada do tipo. Eu estranharia se conseguisse colocar a cabeça no travesseiro e dormisse até a manhã seguinte. Pelo contrário, preferi não somente naquela noite, mas durante toda a semana falar com o Deus Pai, e pedir por tudo. Pois nestes momentos de fraqueza e limitação que nos colocamos ainda mais perante o Senhor, e estaria mentindo se falasse diferente. Estes momentos acontecem justamente para aparecermos transparentes, sem restrições algumas, da forma como deve ser diariamente. Eu tenho cuidado do meu relacionamento diário com ele, mas confesso que nos últimos dias as orações não pareciam saídas de mim, mais intensa, demoradas, e sinceras, como tem sido um hábito. Lembremos do que Deus nos falou através de Provérbios: "No temor do SENHOR há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos. Provérbios 14:26"

Ao mesmo tempo sei que este fim-de-semana foi um divisor de águas, principalmente para o Lucas. Pela primeira vez ele se sentiu autônomo e responsável por outra vida, no caso a da irmã. Ele teve que cuidar dos dois todo o tempo, ser responsável com a volta ao ônibus durante a parada, e procurar o avô na rodoviária de São Paulo. O que para mim foi sofrimento no lado do desligamento é motivo de alegria por saber que é mais um passo na construção do caráter do meu filhote.

Que possamos fazer como Deus fez com Abraão, incentivando ele e lhe dando a promessa de uma família numerosa e prospera. Como Josué que ao estar a frente não somente da sua vida mas da vida de todo um povo recebeu um refrigério do Pai Celeste, que lhe ordenou que tão somente se esforça-se e fosse valente, que ele seria com Josué. Sejamos como David que mesmo sendo o menor dos irmãos de Jessé recebeu a benção para partir e acabou por se tornar o Rei do povo escolhido. Que tenhamos a capacidade do Deus Abba, que poderia ter livrado o filho de todo o sofrimento, mas assim o permitiu pois salvou toda a humanidade que aceitar este sacrifício como válido, e assim, teve na figura do filho a maior expressão de Amor que este mundo já viu.

A minha oração é: "Obrigado óh Deus Abba por nós haver aceitado como teus filhos, e no considerar teus amigos, já que Yeshua, o artífice da vida, o Verbo que se fez carne e a tudo criou, que nos chamou de irmãos, e depois como amigos, nunca poderemos agradecer ou retribuir tamanho Amor. Mas permita que possamos através do teu Espírito da Verdade, apresentar e viver o teu amor, que transborda em nós como o bem que não possuímos e nem somos capazes de exercer sem a tua presença, pois no íntímo somos maus! E se alguém nos veja como bom, que seja a Sua porção, que selaste em nós através do teu Espírito Santo. Peço também que me dê a sabedoria na criação dos filhos, como destes a nossa minha genitora. Que eu não somente saiba prepará-los, mas eu também tenha meus espírito preparado para o momento de me desligar dos meus filhos, e permitir que eles voem alto. Oro em nome de Adonai, de Yeshua HaMashiah e do Ruach HaKodesh."

Obs.: Hoje um texto completamente pessoal e passional! Peço desculpas aos amados, mas precisava compartilhar o que Deus colocou no meu coração, e assim o fiz!